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Resumo Parte Dois do Livro A Árvore do Yoga

Resumo

Parte Dois do Livro A Árvore do Yoga

Samira Lessa Abdalah



Na segunda parte do livro, A Àrvore do Yoga, Iyengar explica quais atitudes se deve ter na prática de yoga. Ele faz uma analogia com as partes da árvore comparando-as com os Yamas e Nyamas. A concentração é necessária em todas as partes do corpo e não somente naquela em que está sendo mais “fraca”, pois justamente essa é a origem da ação. O alinhamento de todos os músculos, o ajuste necessário do professor (que é subjetivo para a conscientização do aluno) e a análise durante esta ação - que unida da experiência - devem andar juntas.

Essa análise consiste de que a mente não está separada do corpo. No livro, ele cita Gandhi e a possibilidade do desenvolvimento espiritual através da vivência de um ou dois preceitos do yoga por exemplo, e que a prática de ásanas também pode ser um caminho para o mesmo. O início do trabalho na execução dos ásanas é superficial e periférico – ação conativa- o que seria uma vivência física, depois deste nível os órgãos dos sentidos passam a ter relação com essas ações realizando uma ação cognitiva onde a pele reconhece a ação da carne.

O próximo estágio tem início quando a mente observa o contato da cognição da pele e a conação da carne assim chegando à ação mental do ásana.

O corpo é dividido em três dimensões por várias camadas: o corpo denso (annamaya-kosa), o corpo sutil (suksma-sarira) da camada mental (manomaya-kosa), da camada intelectual (vijnanamaya-kosa) e o corpo mais interior que é chamado de corpo causal (karana-sarira). Quando todas elas se reúnem em todas as células, então a postura se encontra num estado contemplativo e mais elevado. Isso é integração conforme Patanjali cita no terceiro capítulo dos Yoga Sutras.

Fazendo as analogias da árvore, Iyengar apresenta a raíz como os Yamas que seria a base para a formação do todos os outros. É perceber os dois lados do corpo, perceber porque um está mais alongado do que o outro, e aí buscar o equilíbrio de ambos.

O tronco é Nyama, o papel de Nyama é a higiene e a vontade de limpar o corpo (Saucha) irrigando-o com a circulação do sangue em todas as suas partes, utilizar tapas como um desejo, uma vontade de se atingir algo, a ação de querer ver todas as células do corpo purificadas e sadias. Svadhyaya como um estudo de si, um entendimento das três dimensões e de suas camadas. Isvara Pranidhana é quando na sua prática você entrega seus atos e suas vontades a Deus. Manter a pele, os órgãos, a circulação, a mente, a inteligência e a consciência limpa e nítida englobam todos os aspectos de Yamas e Nyamas que são as raízes e o tronco da árvore do yoga, conforme diz Iyengar.

Os galhos são os ásanas e a atitude correta para sua execução. Ele traz a pergunta reflexiva, se é a partir do corpo ou a partir da mente que se executa o ásana?

Um ásana é uma arte de posicionar o corpo com uma atitude física, espiritual e mental que possui dois aspectos: o repouso que significa refletir sobre a postura e a permanência que significa ação, assumir uma postura firme dos membros e do corpo. A estrutura do ásana não pode mudar, pois cada um é uma arte em si, um estudo métrico de cada ação dos músculos, ossos, da mente e da inteligência, assim como sua estrutura o corpo todo é envolvido no processo e quando há o desaparecimento da dualidade do corpo e da mente há repouso na permanência e reflexão na ação. As folhas correspondem ao pranayama – ciência da respiração, que leva a criação, distribuição e manutenção da energia vital. Praticar sem retenção de ar buscando equilíbrio entre a inspiração e a exalação. Filosoficamente a inspiração é o contato da periferia com o movimento executado pelo eu. E a exalação o retorno desta viagem, cada ciclo de respiração tem dois caminhos para se atingir o entendimento da existência de Deus: pravrtti-marga –o caminho da criação- e nivrtti-marga – o caminho da renúncia. Relacionar a respiração além de um sistema físico do corpo torna a prática mais espiritual, onde a retenção (kunbhaka) “é segurar a essência de si mesma, que foi elevada pela inspiração.(...) O pranayama é a ponte entre o físico e o espiritual” como diz Iyengar.

Pratyahara é o ato de ir contra a corrente da memória e da mente, é a avaliação dos próprios instintos, pensamentos, atos, é a prática da renúncia (vairagya) desprendendo-se das questões seculares e aproximando-se da alma. É levar a memória num estado de inexistência passando a ter uma ligação direta entre a mente e a inteligência que para os orientais são tidos como coisas separadas. “Patanjali diz que, neste estágio, a memória, por ter alcançado sua maturidade, perde sua existência, e a mente, vigilante e sábia”(Yoga Sutras, I,43)”. Pratyahara seria nossa casca da árvore.

Em seguida, Dharana a seiva que percorre os galhos e o tronco da árvore rumo à raiz.

Manter a mente vazia centrada em algo de maneira integral e concentrada. A flor é o processo evolutivo e involutivo do ásana, que seria o da expressão e a intuição do mesmo. A pele percebe e recebe as informações através dos nervos, que na ciência chama de nervos eferentes e aferentes, na linguagem do yogue os eferentes (os que enviam mensagens do cérebro para os órgãos da ação) são tidos como os nervos da ação (karma-nadi) e os aferentes (enviam mensagens dos órgãos da percepção até o cérebro) os nervos do conhecimento. O entendimento perfeito entre os nervos da ação e os do conhecimento é yoga. Ter a percepção consciente sobre o que está sendo feito e sentido pelo corpo.

Ao contar o épico Ramayana, explicando sobre os três gunas¹, e fazendo a pergunta sobre como nossa inteligência se encontra no final de uma meditação, se em estado tamásico, rajásico ou sátvico?

Meditar por completo no ásana, estar em dhyana sendo que os dois estão intimamente ligados.

E por último, o fruto: a experiência que conduz ao conhecimento, a vivência traz a verdade das palavras “emprestadas” dos mestres, a prática espiritual como um objetivo. Querer a novidade do sentir, da percepção de cada ásana a cada novo dia.

Os Yamas cultivam os órgãos da ação e os Nyamas civilizam os órgãos da percepção e dos sentidos. Ásanas irrigam todas as células do corpo, pranayamas canalizam a energia. Pratyahara controla a mente limpando-a de todas as impurezas. Dharana torna a inteligência mais aguda e sensível. Dhyana integra a inteligência. E assim a árvore do yoga encaminha o ser para o Samadhi, o vislumbrar da alma.


¹ Os três Gunas – Sattva, Rajas e Tamas – são considerados como as qualidades fundamentais da natureza, ou Prakriti.Sattva adere à felicidade, Rajas à ação, enquanto Tamas, verdadeiramente encobrindo o conhecimento, adere à negligência.”

BHAGAVAD-GITA (14:9).



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